domingo, 20 de outubro de 2013

Huhehaote

Que moro na China, isso todo mundo já sabe. Que moro em Hohhot, quem fuçou a aba "Quem Escreve?" ali em cima também já sabe. Mas afinal de contas, que diabos é Hohhot?

Hohhot ou Huhhot são os nomes ocidentais de Huhehaote, a capital da Região Autônoma da Mongólia Interior. Para quem não sabe, a China é composta de províncias - quantas exatamente sempre é motivo de discussão. Algumas destas províncias, entretanto, possuem algumas (ou muitas) leis e costumes diferentes, e são oficialmente chamadas de Regiões Autônomas.

De acordo com a Wikipedia, a população era de 1,4 milhões de habitantes no ano 2000, mas a verdade é que pelo que andei notando os censos divergem muito por aqui, e a contagem atual varia entre 3 e 6 milhões.

De qualquer forma, é uma cidade que seria considerada grande no Brasil e em praticamente qualquer outro lugar do mundo. Mas aqui é a China, o país com 1,3 bilhões de habitantes, e uma cidade com 6 milhões de habitantes é uma cidade de tamanho médio. 

De fato, como uma boa parte da população da maioria das cidades aqui ainda vive na zona rural, a área urbana realmente não impressiona. Em um dia sem trânsito um táxi leva entre 40 minutos e 1 hora para atravessar a cidade de Leste a Oeste. Mais ou menos o mesmo tempo que alguém leva para atravessar Campinas, por exemplo, uma cidade de pouco mais de 1,3 milhões de habitantes.

A Mongólia Interior não tem este nome por acaso. Apesar de hoje ser uma província da China, no passado esta região fazia parte do país de Genghis Khan. Isso influenciou muito a região, que tem cultura, comida e arquitetura muito diferentes dos outros lugares na China em que já estive.

Começando pela língua. A língua oficial e mais falada aqui é o chinês mandarim, assim como na maior parte da China. Porém eles também falam um dialeto local, que é uma espécie de mistura de mandarim com sotaque carregado e um pouco de mongol. O John, que fala mandarim, tem bastante dificuldade de entender as pessoas aqui quando elas começam a usar esse dialeto.

Além disso, muitas pessoas são descendentes diretas dos mongóis, e por isso a língua materna delas é o mongol - a mesma falada na Mongólia, o país - e não o mandarim. Esta língua está tão presente por aqui que lojas e alguns produtos fabricados aqui usam os caracteres mongóis logo em cima dos chineses nos rótulos e nomes.

Hohhot também tem uma grande população muçulmana. O islamismo funciona por aqui da mesma forma como o catolicismo funciona no Brasil: muitas pessoas realmente seguem a religião, outras apenas têm esta religião como tradição familiar, mas não freqüentam o templo nem seguem todas as regras à risca. Por isso não é tão fácil saber dizer com certeza quem é ou quem não é muçulmano. A tia do John, por exemplo, é muçulmana mas não usa véu e não tem problema nenhum de tirar fotos de maiô. Ou seja, aquela velha visão ocidental de que muçulmanas sempre usam véu - ou burca - é, obviamente, mais do que furada.

A influência muçulmana pode ser vista claramente na arquitetura. Fico devendo fotos que ainda não tirei - shame on me. As construções na região Oeste e mais antiga da cidade são belíssimas, com arcos e abóbodas típicas dos países muçulmanos.

Assim como toda a China, Hohhot está em expansão. Novos prédios sendo construídos podem ser vistos por toda a cidade - principalmente na região Leste, onde eu moro. A velocidade das mudanças é tão rápida que John disse que há 3 anos não havia nada neste lado da cidade. Agora é uma floresta de prédios, shoppings e parques.

Como em qualquer grande cidade - especialmente na China -, o ar por aqui é bastante poluído. Mas a mentalidade parece estar dando mostra de mudança, já que Hohhot é uma cidade com várias praças, parques e uma quantidade razoável de árvores.

No geral, acho Hohhot uma cidade charmosa e bastante receptiva. Ainda estamos explorando os cantos obscuros daqui - e é claro que eles existem. E, como já me estiquei demais neste post, deixo para falar sobre a comida e o trânsito no futuro. Porque eles merecem um post apenas para eles. Ah, se merecem…


Nota: Por alguma razão, a internet na minha casa não é das mais estáveis e por isso não consigo fazer upload de nenhuma foto para o blog. Para não deixar meus posts uma longa chatice sem ilustrações, minha irmã, Mariana, será a encarregada de upar as fotos para meus posts. Obrigada, Mari! =D